Alexandre Dumas e a guerra dos livros

Dumas

Duas elites

Engana-se quem pensa que os livros são criaturas silenciosas. Que estão adormecidos nas estantes, ao menos até que alguém os pegue e comece a ler. Nunca foi assim. A maioria das pessoas é que não treinou os ouvidos para o blablablá desses tagarelas.

Bibliotecas e livrarias são locais barulhentos. Não importa o tamanho do edifício, não interessa se a biblioteca ou a livraria é física ou on-line. O alvoroço é sempre grande. Os livros não param de papaguear, fazem isso há séculos. Basta prestar atenção e você logo escutará suas reclamações, seus discursos, tudo o que falam.

Engana-se ainda quem imagina que os livros são criaturas amistosas, que vivem pacificamente em perpétua e lúcida amizade. Grande equívoco. Semelhante às sociedades humanas, as sociedades dos livros também são agitadas por intermináveis conflitos, estão em constante desassossego.

Igual às pessoas, os livros são feitos de crenças e desejos. Estão sempre divulgando e defendendo as mais diferentes doutrinas filosóficas, políticas, econômicas, sociais e artísticas. Umas autênticas, outras enganosas. Umas legítimas, outras oportunistas.

Os livros não fogem da briga. Eles constantemente se reúnem em grupos maiores para combater outros grupos que divulgam e defendem ideologias diferentes.

No campo da prosa de ficção, por exemplo, ocorre o confronto feroz das obras consideradas de alta densidade literária contra as obras consideradas de puro entretenimento.

Pense nos romances e nos contos de Thomas Pynchon e Alice Munro e você estará pensando nos livros considerados de alta literatura, mais sofisticados, menos comuns. Pense nos romances e nos contos de Dan Brown e Stephen King e você estará pensando nos livros considerados de entretenimento, menos sofisticados, mais populares.

São duas elites, dois modos legítimos de trabalhar a literatura. Ambos produzem obras-primas e obras medíocres. Pena que estejam constantemente em guerra.

Folhetim

Um dos escritores mais prestigiados do segundo grupo, o da literatura de entretenimento, é o francês Alexandre Dumas. O autor de obras-primas como Os três mosqueteiros, O homem da máscara de ferro e O conde de Monte Cristo saiu de cena há quase cento e cinquenta anos, mas seus romances continuam sendo traduzidos e lidos no mundo todo.

De certo modo, sem Dumas, sem a influência avassaladora de seus folhetins, não existiriam hoje Dan Brown e Stephen King. Não existiriam hoje George R.R. Martin e sua estupenda saga As crônicas de gelo e fogo.

Alexandre Dumas nasceu em 1802, num local próximo a Paris, mais precisamente na comuna Villers-Cotterêts, no departamento de Aisne. No pequeno futuro grande escritor reuniam-se fisicamente a aristocracia e o povo. Ele era neto do marquês de la Pailleterie e de uma jovem negra da ilha de São Domingos, chamada Marie Césette Dumas. Seu pai foi o famoso general Thomas-Alexandre Dumas, membro das forças napoleônicas, e sua mãe foi Marie-Louise Dumas, filha de um estalajadeiro.

Basta uma rápida olhada no calendário histórico para perceber que Alexandre Dumas nasceu num país e numa época turbulentos. A Revolução Francesa havia acabado de estourar, em 1789. O liberalismo político e filosófico inspirava um análogo liberalismo literário e artístico. A Europa estava em chamas e os intelectuais não paravam de jogar lenha nessa fogueira.

Na passagem do século 18 para o 19, tiveram início a ascensão da burguesia e a democratização da cultura. Foi quando irrompeu um dos movimentos mais vigorosos da história da arte e da literatura: o romantismo.

A maior atração dos jornais da época eram os folhetins: narrativas ágeis e magnetizantes publicadas em capítulos, cheias de romance e suspense, intrigas e peripécias. O folhetim foi um fenômeno cultural tão violento que, no século 20, os novos meios de comunicação de massa (o rádio, o cinema e a televisão) logo trataram de incorporar sua linguagem. As telenovelas e os seriados de hoje são os herdeiros do antigo folhetim.

Refletindo sobre o período, na excelente História social da arte e da literatura, o crítico alemão Arnold Hauser escreveu: “Todo o mundo lê os folhetins: a aristocracia e a burguesia, a sociedade política e a intelligentsia, homens e mulheres, jovens e velhos, patrões e empregados.” Essa popularidade assombrosa deu novo impulso à arte da ficção de entretenimento.

O folhetim significou uma democratização sem precedentes na história da literatura. Na passagem do século 18 para o 19, o analfabetismo começou a ser erradicado, o poder aquisitivo da população começou a crescer e o preço dos bens culturais, entre eles o jornal, começou a cair.

A poderosa indústria cultural, que há muito tempo alimenta nossa sociedade do entretenimento, estava apenas começando.

Best-sellers

Um dos primeiros e mais bem-sucedidos folhetinistas franceses foi ninguém menos que o prolífero Honoré de Balzac. Mas os campeões de vendas, os queridinhos dos leitores, foram mesmo Eugène Sue e Alexandre Dumas, que publicavam em jornais concorrentes e costumavam ser muito bem pagos, como acontece com os novelistas de hoje.

Sobre o autor de Os três mosqueteiros, Arnold Hauser escreveu: “Alexandre Dumas, o mestre da tensão dramática, é também um brilhante expoente da técnica do seriado, muito semelhante à técnica do melodrama e do teatro popular. Quanto mais dramático é o desenvolvimento de um folhetim, mais forte é o efeito que a narrativa exerce sobre o público.”

O sucesso literário e financeiro era o combustível de que o autor precisava para continuar produzindo compulsivamente. O que poucos leitores sabem é que Dumas não trabalhava sozinho. Da mesma maneira que os novelistas de hoje, ele contava com uma boa equipe de apoio. Do contrário, seria impossível para Dumas escrever os mais de seiscentos títulos assinados com seu nome.

“Para satisfazer a enorme demanda, os romancistas populares aliam-se a redatores que lhes proporcionam inestimável ajuda na criação de obras padronizadas”, escreveu Arnold Hauser. “São montadas verdadeiras fábricas de literatura, nas quais os folhetins são produzidos de modo quase mecânico. Numa ação judicial, fica provado que Dumas publica mais com seu próprio nome do que poderia escrever mesmo que trabalhasse dias e noites a fio sem uma pausa. De fato, ele emprega setenta e três colaboradores, entre eles Auguste Maquet, a quem concede certa autonomia na produção.”

Publicado originalmente no jornal Le Siècle, de março a julho de 1844, Os três mosqueteiros é sem dúvida uma das aventuras mais amadas e recontadas de todos os tempos. Trata-se do primeiro folhetim de uma trilogia histórica que romanceia fatos importantes dos reinados de Luís XIII e Luís XIV e da Regência que se instaurou na França entre os dois governos.

O sucesso do romance de capa e espada protagonizado pelo jovem D’Artagnan e pelos veteranos Athos, Porthos e Aramis foi tamanho que o próprio Dumas logo o adaptou também para o teatro. Vinte anos depois, lançado em 1845, e O visconde de Bragelonne — ao qual pertence a famosa história d’O homem da máscara de ferro —, escrito entre 1848 e 1850, completam a trilogia.

Sucesso

Dumas ganhou muito dinheiro com o trabalho literário. Apesar disso, não conseguia escapar das dívidas multiplicadas por seu estilo de vida desregrado, boêmio. Mesmo sendo casado, o escritor mantinha relacionamentos extraconjugais e teve pelo menos três filhos fora do casamento, entre eles o não menos famoso escritor Alexandre Dumas, filho, autor de A dama das camélias. Cuidado para não confundir os autores.

Dumas pai amava o grande público e nunca escondeu que seu principal objetivo, ao escrever para o teatro ou a imprensa, era entreter e magnetizar sua legião de fãs. No mesmo ano em que foi publicado Os três mosqueteiros, saiu também O conde de Monte Cristo.

Inveja doentia, traição, injustiça, fuga de uma prisão de segurança máxima, um tesouro secreto, um plano ardiloso de vingança e, é claro, vários assassinatos. Esses são os elementos da trama de outro best-seller do século 19.

A primitiva necessidade humana de narrativas intensas, capazes de promover a catarse coletiva, fez os leitores esperarem ansiosamente, de agosto de 1844 a janeiro de 1846, pelos capítulos dominicais d’ O conde de Monte Cristo. Desde então, nunca mais saíram do imaginário ocidental a queda e a ascensão de Edmond Dantès, o jovem pobre que, motivado pelo desejo de vingança, enriquece, se torna conde e, fazendo justiça com as próprias mãos, triunfa sobre seus inimigos.

Diante de tanta exuberância, há quem pergunte por que Dumas não é tão respeitado, pela crítica especializada, quanto Stendhal, Balzac e Flaubert. Talvez porque em seus escritos há a mão de vários assistentes? Pode ser. Heloisa Prieto, especialista em Alexandre Dumas, escreveu: “O processo industrial de fabricação de histórias, por meio do novo suporte midiático, o jornal, exigia o trabalho de equipe. Longe de explorar seus colaboradores, Dumas os valorizava. Sua metodologia coletiva já antecipava as futuras reuniões de roteiro e brainstorming, a troca intensa de ideias, atualmente tão comum no cotidiano das produtoras cinematográficas.”

Mas a principal razão para Dumas não ser tão respeitado quanto os grandes nomes das letras francesas foi o longo namoro do escritor com o sucesso comercial. Segundo os especialistas, Dumas cometeu o pior pecado no seu ramo de trabalho: com suas aventuras ele procurou acima de tudo, e sempre conseguiu, seduzir e aprisionar os leitores. Mesmo que para isso tivesse que esbanjar na ação e nos efeitos especiais.

Obras-primas reconhecidas ou não, o fato é que a bravura dos mosqueteiros do rei e a vingança implacável de Edmond Dantès extrapolam o papel impresso. Elas pertencem à esfera do mito, como a loucura do pobre Dom Quixote e o ciúme de Bentinho pela amada Capitu. São narrativas que fincaram raízes em nosso imaginário coletivo e agora fazem parte de nossa essência cultural.

Há quem afirme que Alexandre Dumas é o escritor mais lido e traduzido da história da França. Porém, apesar do sucesso estrondoso em vida, o escritor, por ser mulato, não escapava da hostilidade dos racistas. Quando morreu, em 1870, Dumas não foi sepultado no Panteão de Paris, o magnífico mausoléu onde estão os grandes escritores e pensadores franceses.

Somente em 2002, durante o governo de Jacques Chirac, essa injustiça foi corrigida. Numa cerimônia televisionada, os restos mortais de Dumas foram exumados do cemitério de Villers-Cotterêts e transferidossolenemente para o Panteão.

Romance juvenil

Da vasta obra de Alexandre Dumas, somente os títulos mais badalados foram lançados aqui. Totalmente desconhecidas no Brasil são as aventuras exploratórias do capitão Panfílio, comandante do brigue mercante La Roxelane. Publicado pela primeira vez em 1839, o bem-humorado Capitão Panfílio foi escrito para o público juvenil. O protagonista do romance é um corsário simpático e cativante, mas também oportunista e cruel, cujo maior objetivo é a rapinagem e o lucro. A intenção do autor foi denunciar os abusos mercantilistas na África, principalmente o tráfico de escravos e animais selvagens.

Dumas, na verdade, juntou nesse romance duas histórias, interligadas por animais. A primeira, publicada originalmente em 1832, intitulava-se Jacques I e Jacques II. Nela, um grupo de jovens boêmios reunidos ao redor do pintor Alexandre Descamps convive com bichos de estimação exóticos, entre eles um macaquinho angolano chamado Jacques I e seu amigo da mesma espécie, Jacques II.

Na história dentro da história, tirada de um manuscrito, o capitão Panfílio é apresentado aos outros personagens e ao leitor. Foi ele quem capturou Jacques I durante uma caçada na África. Mais tarde Dumas ampliou consideravelmente a aventura protagonizada pelo capitão de caráter duvidoso.

A primeira linha narrativa, dos boêmios, foi suprimida da edição brasileira, com tradução de Ubiratan Paulo Machado. Essa decisão editorial potencializou a segunda linha, bem mais interessante. As aventuras pitorescas do descarado bucaneiro ganharam toda a atenção apenas para si.

Duas críticas

Repito o que eu disse no início: engana-se quem imagina que os livros são criaturas amistosas, que vivem pacificamente em perpétua e lúcida amizade. Os romances de Alexandre Dumas, da mesma maneira que os de Dan Brown, Stephen King, George R.R. Martin e de tantos outros ficcionistas congelados pela crítica especializada, estão sempre em guerra com os romances da chamada alta literatura. Estão sempre brigando com Madame Bovary, de Flaubert, O arco-íris da gravidade, de Thomas Pynchon, Felicidade demais, de Alice Munro, e outros.

É sabido que a crítica acadêmica, praticada nas universidades e em boa parte da imprensa (a maioria dos jornalistas tem mestrado e doutorado, outros são professores universitários), torce vigorosamente o nariz para a literatura de gênero: aventura, policial, espionagem, ficção científica, fantasia, terror etc.

Também é sabido que os autores, os editores e os consumidores da literatura de gênero torcem o nariz, com igual vigor, para a crítica acadêmica e as obras que ela legitima. Isso deixa claro que o jogo literário, diferente do futebol ou do boxe, tem pelo menos dois conjuntos de regras. O critério aplicado pelo primeiro grupo na avaliação das obras literárias é o reverso do critério aplicado pelo segundo grupo.

São duas elites críticas, cada qual com sua balança e sua régua. A primeira diz que trabalha apenas com a alta literatura, com a grande literatura, com a Literatura com inicial maiúscula. Ela acusa a segunda de trabalhar somente com a baixa literatura, com a literatura vulgar, fácil, de entretenimento.

A segunda elite acusa a primeira de ser elitista, aristocrática e esnobe, de só apreciar obras de linguagem complicada e obscura. As obras abençoadas pela segunda elite geralmente vendem mais do que as obras abençoadas pela primeira, que se ressente muito disso. E se vinga, fundando um clube muito mais elegante e prestigiado, chamado establishment, ao qual jamais permitirá que sejam admitidos uma obra ou um autor da segunda elite, que também se ressente disso.

Os dois critérios de avaliação literária são:

Critério da elite acadêmica

1. Linguagem original, conotativa, que não possa ser atribuída a outros escritores do presente e do passado, por vezes avessa à norma culta. O autor deve se expressar de maneira única, inaugurando seu próprio modo poético. Contratar colaboradores? Nem pensar!
2. Subjetivismo. Narrador modernista, tortuoso ou fragmentário, psicológico, pouco confiável, às vezes delirante.
3. Enredo frio, pobre em ação, sem muitas peripécias ou surpresas, próximo da vida comum. A forma literária é mais importante do que o conteúdo.
4. O mundo interior do protagonista e das personagens é mais importante do que seu mundo exterior.
5. Fuga do gênero a que (supostamente) pertence. Faz parte do desejo supremo de originalidade a rejeição das principais diretrizes do gênero a que a obra pertenceria. O novo romance quer transcender os limites do gênero romance, o novo conto quer transcender os limites do gênero conto, o novo poema quer transcender os limites do gênero poema.
6. Purismo. As obras fronteiriças ou mestiças, que apresentam elementos dos dois mundos, são violentamente rejeitadas pelo sistema.

Critério da elite da literatura de gênero

1. Linguagem transparente, denotativa, por vezes complexa, mas ainda assim reconhecível por uma vasta gama de leitores. O autor deve se expressar respeitando a norma culta que orienta o uso do idioma.
2. Realismo. Narrador clássico, organizado e disciplinado, pouco introspectivo, confiável, onisciente.
3. Enredo quente, rico em ação, cheio de peripécias e surpresas, afastado da vida comum do leitor. O conteúdo literário é tão importante quanto a forma, ou até mais.
4. O mundo exterior do protagonista e das personagens é mais importante do que seu mundo interior.
5. Adequação ao gênero e ao subgênero a que pertence. O romance ou o conto policial, de fantasia ou de ficção científica respeitam as balizas que definem o gênero e o subgênero a que pertencem.
6. Ecumenismo. As obras fronteiriças ou mestiças, que apresentam elementos dos dois mundos, se não são bem aceitas pelo sistema, ao menos não são sumariamente rejeitadas.

Atualmente, muitos autores do primeiro grupo caem em depressão ao perceberem que seu romance, ou sua coletânea de contos ou de poemas, é um retumbante fracasso comercial, apesar do amplo reconhecimento da crítica especializada. Jamais terão o número de leitores de que se julgam merecedores.

Muitos autores do segundo grupo, diante do sucesso de vendas de seu romance, ou de sua coletânea de contos (raramente há poetas aqui), também ficam deprimidos ao perceberem que jamais terão o reconhecimento da crítica acadêmica e, consequentemente, jamais figurarão nas apostilas e nos compêndios do ensino oficial. Jamais pertencerão ao establishment.

Uns aceitam a contragosto a situação e seguem em frente. Outros esperneiam e brigam. Insultam. Dizem, os do primeiro grupo, que o Brasil não é um país de leitores (de leitores qualificados, é o que querem dizer), afirmam que a imbecilidade e a massificação reinantes são culpa da tevê e da péssima qualidade do ensino público. Dizem, os do segundo grupo, que os críticos acadêmicos confundem complexidade com complicação, afirmam que os membros dessa elite literária beneficiam as obras mais áridas e menos inteligíveis como estratégia de dominação cultural e social.

Mas o maior pecado que os membros de cada grupo cometem é avaliar as obras do grupo adversário com o critério errado. Avaliar as obras da literatura de gênero com o critério da elite acadêmica gera todo tipo de mal-entendido. Avaliar as obras da alta literatura com o critério da elite da literatura de gênero também. Confusão e encrenca. Nada de proveitoso pode resultar dessa inversão de valores motivada pelo puro chauvinismo.

Indicações de leitura
Alexandre Dumas, deux siècles de littérature vivante
Portal mantido pela Société des Amis d’Alexandre Dumas
http://www.dumaspere.com

A mulher da gargantilha de veludo e outras histórias de terror, de Alexandre Dumas. Tradução de André Telles. Editora Zahar, 2012.
Capitão Panfílio, de Alexandre Dumas. Tradução de Ubiratan Paulo Machado. Sesi-SP Editora, 2014.
Folhetim: uma história, de Marlyse Meyer. Companhia das Letras, 1996.
História social da arte e da literatura, de Arnold Hauser. Tradução de Álvaro Cabral. Editora Martins Fontes, 1998.
O conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas. Tradução de André Telles e Rodrigo Lacerda. Editora Zahar, 2012.
Os três mosqueteiros, de Alexandre Dumas. Tradução de André Telles e Rodrigo Lacerda. Editora Zahar, 2011.

[ Publicado originalmente na revista Ponto nº 5, de março de 2014 ]

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