Archive for the ‘Nelson de Oliveira’ Category

Transcendência

18/08/2016

Aula-palestra sobre literatura fantástica para grupos de estudo.

Transcendência

São Paulo tem muitos grupos já constituídos, que se dedicam informalmente ao estudo da literatura. Por puro prazer, sem qualquer vínculo acadêmico ou profissional. Foi pra esse público que preparei, também por puro prazer, uma aula-palestra sobre literatura fantástica.

As principais estrelas comentadas são os viciantes Borges, Cortázar, García Márquez, Hilda Hilst, José J. Veiga, Juan Rulfo, Kafka, Lygia Bojunga, Lygia Fagundes Telles e Murilo Rubião. Uma constelação literária transcendente. Mas não se espantem se surgirem referências também do cinema, do teatro e das artes plásticas. O fantástico está em toda parte, em toda arte.

A duração da aula é de uma hora e meia. O número mínimo de participantes? Oito (deitado, é o infinito). E o preço? R$ 50 por pessoa.

Local da aula? O mesmo em que o grupo de estudo se reúne costumeiramente. Data e horário: indicados pelo grupo.

Os grupos interessados podem me contatar no e-mail oliveira.e.cia@uol.com.br

Nelson de Oliveira no jornal La Capital

10/12/2015

Jornal La Capital

Así es, los libros se retoban. Si tuviera que resumir jocosamente la novela de Nelson de Oliveira usaría esa frase con el objetivo de despertar la curiosidad de mi/s interlocutor/es de turno. Y continuaría.

Los libros fueron inventados para ser leídos, admirados, cuidados, mimados. En eso no se diferencian de otros objetos. Si eso no pasa, ellos buscan la forma de llamar la atención, ¿no te parece?

Pero por suerte en el mundo propuesto por Nelson las cosas no son tan fáciles. Está repleto de historias paralelas que en el momento menos esperado se conectan para dar sentido al plan “maléfico” que un regimiento de criaturas (para mí son igualitas a los gremlins, pero con mucha más onda) quiere llevar a cabo.

Un interrogante entre premonitório y apocalíptico me asalta: ¿llegará el día en el que el ser humano no podrá más dar pie con bola?

En algún punto, sentí que Nelson nos quiere decir eso de una forma delicada, casi subrepticiamente. Tal vez, él lo sepa pero por temor a desatar alguna catástrofe planetaria (superando así a Orson Welles cuando teatralizó en la radio “La guerra de los mundos”) lo ficcionaliza con astucia y cumple su misión cósmica de pasarnos el mensaje.

La verdad no sé. Lo que sé es que la novela es sublime tanto por lo que cuenta como por cómo lo cuenta.

Agustín Arosteguy
Caderno de Cultura
Jornal La Capital, de Mar del Plata

Universo ficcional compartilhado

30/09/2015

Mandalas

Laboratório de criação coletiva

Coordenação: Nelson de Oliveira

Uma atividade individual mas coletiva, coletiva mas individual.

A escrita literária é uma atividade solitária que aceita muito bem a participação de outros leitores-escritores. Em geral opinando criticamente, às vezes participando também do processo criativo.

A fim de promover essa participação menos comum, o laboratório reunirá quinze ficcionistas iniciantes e veteranos interessados em criar e explorar um universo ficcional compartilhado.

O que é isso?

Um universo ficcional compartilhado é um conjunto de elementos ficcionais (personagens e ambientação) que pode ser compartilhado total ou parcialmente por diversos autores.

O grupo criará coletivamente um conjunto de personagens e uma ambientação específica, que serão usados pelos participantes na produção de contos individuais (cada escritor escreverá o seu conto).

Haverá liberdade total na criação dos personagens e da ambientação.

A definição conjunta do tempo e do espaço narrativos também será livre. A ambientação poderá ser uma cidade, um bairro, um edifício ou qualquer outro local real ou imaginário, no passado, presente ou futuro.

Uma vez definidos os personagens e o universo ficcional, os autores do coletivo escreverão contos individuais, usando total ou parcialmente os elementos definidos.

Será dada ampla liberdade na elaboração do enredo e da linguagem dos contos, desde que as premissas definidas pelo grupo não sejam totalmente ignoradas. Essas premissas podem até ser subvertidas, se o contista quiser, mas não poderão ser descartadas.

No final do processo, os melhores contos serão reunidos numa coletânea impressa, com direito a sessão de autógrafos e sarau.

Público: ficcionistas iniciantes e veteranos interessados em criar coletivamente um universo ficcional.

Duração: seis meses, ao ritmo de um encontro por mês (de três horas).

Haverá também encontros informais no facebook.

“Paródia, pastiche, plágio etc.” na revista Pausa

12/05/2015

Pausa

Mais um artigo-provocação do famigerado Nelson de Oliveira, na revista dos queridos Márcia Costa e Evandro Rota.
Para ler, basta clicar aqui.

“Poética do anacronismo” na revista Pausa

16/04/2015

Pausa

Um artigo-provocação do famigerado Nelson de Oliveira, na revista dos queridos Márcia Costa e Evandro Rota.
Para ler, basta clicar aqui.

A vida é logo aqui

14/01/2015

Vida

Começamos o ano muito bem. Acaba de ser lançada pela Sesi-SP Editora a luminosa coletânea A vida é logo aqui, de contos para os jovens leitores.

Nelson de Oliveira, o organizador, reuniu um grupo de autores brasileiros de talento inquestionável, pra falar das delicadezas e amarguras da adolescência.

O projeto gráfico e as ilustras são da premiada designer Raquel Matsushita.

Os quinze autores convidados são: Adriano Messias, Carla Caruso, Claudio Fragata, Cristina Porto, Flávia Côrtes, João Anzanello Carrascoza, Leo Cunha, Luís Dill, Luiz Bras (eu!), Maria José Silveira, Marília Pirillo, Silvana Tavano, Sônia Barros, Tânia Martinelli e Tino Freitas.

A proposta partiu do editor Rodrigo de Faria e Silva, um ano atrás. Sem o apoio do Rodrigo e da Gabriella Plantulli (editora assistente) essa reunião de histórias simplesmente não existiria.

Pra você ter uma boa ideia do que se trata, o texto de apresentação diz o seguinte:

 

Vida: aventura-presente

Nelson de Oliveira

Foi ontem, mas não é mais. Acabou.

Congelou no passado, é coisa sólida: uma pedra de gelo. Ficaram as lembranças. Os registros na rede social. A gravação e as fotos.

Será daqui a pouco. Amanhã. Semana que vem. Mas ainda não é.

O futuro é uma avenida com muitas possibilidades, muitas bifurcações. É coisa gasosa: uma névoa. Impossível de segurar. Invisível.

Galera, a vida não é ontem nem amanhã. Não é sólida nem gasosa.

A vida é agora. É coisa líquida.

Não é lá longe, no passado ou no futuro.

É logo aí, aqui, bem perto, coladinho na gente. É o oceano que nos envolve neste exato momento. Água que não acaba mais.

Sempre que penso nisso, lembro do Poema de sete faces, do Drummond, e dos célebres versos:

Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Esta coletânea de contos sobre a vida jovem − num mundo velho que sempre se renova − quase foi batizada de Mundo vasto mundo, em homenagem a essa estrofe.

Mundo-oceano. Vasta vida aqui & agora. Teu verdadeiro nome é Transformação.

Existir é o maior mistério de todos. Um susto maravilhoso. Um presente do universo.

Mas quem disse que existir é fácil?

O passado fugiu pra trás, o futuro foge pra frente, o presente não foge jamais: é uma aventura cheia de perigos & armadilhas.

Somos todos heróis de nossa história particular. Somos Hércules. Electra. Superman. Mulher-Maravilha. Nossos medos são criaturas estranhas, sustos do agora que precisamos combater.

Viver é desenhar sem borracha, sacou o desenhista-filósofo Millôr Fernandes.

Sem a segurança da borracha, às vezes somos pequenos demais, menores que o mundo-oceano. Às vezes somos grandes, maiores que ele.

Outras vezes somos do mesmo tamanho, nós e a vida-presente.

Esta coleção de contos sobre a aventura jovem − num mundo velhíssimo apaixonado pela renovação − flagra quinze vidas diferentes, de heróis de carne & osso, na adolescência. Todos brasucas.

Se a vida é múltipla, os autores e as histórias aqui reunidos também são.

Eles surpreendem, de maneiras distintas, as muitas faces da amizade e do amor. As muitas máscaras da intolerância e da injustiça.

São diversos Brasis num só Brasil. Diversas faixas de cor − urbana, rural, individual, social, corajosa, covarde, realista, mágica − num arco-íris de dimensões continentais.

Para dar conta dessa multiplicidade, convidamos um grupo de premiados ficcionistas. Nomes fortes em nossa literatura, amados por leitores & críticos.

São escritores, mas também magos. Sua prosa saborosa, ora lírica ora irreverente, confirma com delicadeza que a vida é um milagre.

Um acontecimento espantoso, neste exato instante-hora-minuto-segundo.

Prepare-se, galera, para um banho bom de realidade.

Os protagonistas das quinze histórias aqui reunidas, tão diferentes, têm algo em comum: estão vivendo a vida agora.

Intensamente.

Uns, mais desconfiados, com prudência, sem se arriscar além da conta. Outros, mais confiantes, com vontade, abraçando apertado as novas experiências.

Uns mais tímidos, outros mais atrevidos, isso não importa. Todos têm luz própria e brilham bastante. Em diferentes frequências líquidas.

No oceano-mundo, passam longe desses heróis a indiferença e a apatia.

Juntem-se a eles. Sejam eles. Compartilhem os sustos do agora.

Entreguem-se intensamente − durante a leitura, durante a vida-presente − aos sentidos do incerto e às certezas & surpresas do sublime.

Sintam-se nascidos a cada momento para a eterna novidade do mundo, como sugeriu outro mestre: o guardador de rebanhos Alberto Caeiro.

Retrato imaginário da geração 90

15/12/2014

Retrato imaginário

A luz, sempre incansável, é a silhueta da alegria. Somos jovens, somos luminosos. (Não, meus irmãos, o que vocês estão vendo não é uma foto do céu estrelado. É um retrato da geração 90. Um retrato imaginário. Está no título.) Manuscritos atravessam a tela do computador, transa trans.

Essa mancha mais saliente à esquerda? É o Fran’s Café da rua Fradique Coutinho, 1.139. Mas não adianta procurar, esqueçam o guia turístico das crateras da lua. (Um mapa não é um mapa, é uma capitulação da mente. Não existe mais Fran’s Café na rua Fradique Coutinho, 1.139. Esse retrato é de 2001.)

Também não adianta procurar 2001 nos registros. Esse ano nunca existiu. (No centro do retrato, Marcelino Freire traduz as ásperas sutilezas do furacão.) A ventania também é a fala de Evandro Affonso Ferreira, de braços abertos, ao lado de Marcelino. A luz, sempre incansável, é a silhueta da alegria.

Manuel da Costa Pinto atravessa paredes, desarma bombas-relógio. Somos jovens, somos luminosos. (O riso enche os túneis. Fugitivos, cavamos em bando até a Casa das Rosas.) Éramos jovens, éramos luminosos, na época em que o mundo existia.

(Fogo, fogo!) As calçadas, meus irmãos, eram melhores quando tudo era inflamável. Ivana Jinkings e Plínio Martins, em chamas, cultivam o papel e a tinta. (O papel que conduz a eletricidade, a tinta que intoxica os amáveis zumbis da Livraria da Vila.)

Marçal Aquino e Luiz Ruffato, de perfil, observam a fila de ciclistas. A fila descendo a ladeira. Dizem que a lucidez abre todas as portas, até mesmo as do inferno. (Essa explosão no alto do retrato? É a geração 90: o vasto conjunto de ficcionistas brasileiros que estrearam na década de 90.)

O pisca-pisca das crianças destrói nossos desejos. João Anzanello Carrascoza sobrevoa o bairro, cartografa o movimento dos cílios. (Essas estrelas vermelhas e verdes? Formam a constelação 90: o pequeno grupo de ficcionistas da G90 presentes nas antologias publicadas pela Boitempo.)

Cada pontinho nesse retrato representa um afeto, um momento congelado de ternura. Essa mancha mais saliente à direita? É Ivana Arruda Leite, indiferente ao terremoto. Ivana segura o mapa e a chave da Vila Madalena. (Dizem que a lucidez abre todas as portas, até mesmo a das metáforas.)

Chove no centro do sol. (Qualquer retrato é metade ilusão, metade ficção.) O rapaz embaixo à direita, folheando um catálogo, é Claudio Galperin. Entortar escadas é sua habilidade mais notável. (Nessa época, meus irmãos, a atmosfera sussurrava os conselhos mais insanos.)

Não há nada mais real do que a realidade virtual. Ademir Assunção joga xadrez com Ronaldo Bressane. Partida relativista. O tabuleiro e as peças estão no século 19. Os jogadores estão no século 21. (Ademir em Tóquio, Ronaldo em Londres.) Manuscritos atravessam a tela do computador, a wop bop a loo bop a wop web boom.

A poucos metros de Marcelino e Evandro, no subsolo da rua Fradique Coutinho, 1.139, está a sala da Hedra. É sábado. O inverno não matou a clorofila. João Alexandre Barbosa é o convidado de hoje. (Essa pequena região do retrato é uma singularidade. Não pertence a 2001, mas a 2000. Ou a 1950, não sei.)

A conversa ramifica-se. Galhos e folhas atingem o teto, atravessam a laje. Marcelo Mirisola parece encantado com as raízes que reverberam Heidegger em russo. (JR Duran registra a conversa, sobrepõe datas e rostos.) Não há nada mais real do que a realidade virtual.

Se as ruas e os edifícios não mudassem tanto de endereço, o passado seria algo fácil de libertar. Freada brusca, buzinada. (Um mapa não é um mapa, é uma capitulação da mente). Congelado ao abrir a porta do táxi, Joca Reiners Terron parece enxergar apenas o avesso dos pedestres. (Pulmões, intestinos, rins, fígado.)

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Um inédito antigo, encontrado no fundo do baú.